quarta-feira, novembro 24, 2004
Magda e Leandro (Uma flor, o gato e Antes do amanhecer ).
Era uma flor, não uma rosa, era uma flor-do-campo. Leandro havia comprado um ramalhete para decorar a mesa da sala que também havia sido recém adquirida. Pegou a flor e colocou sobre a orelha de modo que enfeitasse o cabelo. O mesmo cabelo que estava pintado de azul e verde quando conhecera Leandro. Olhou-se no espelho, outra nova aquisição , já que agora ela era uma hospede freqüente e vaidosa.
- Que tal mister cat? Perguntou olhando para o gato pelo espelho.
- O que? Deu um leve tom de requinte no meu cabelo? Também achei. Tu tens bom gosto, sabia Miu? A propósito, seu felino fleumático, tu sabias que havia um lobo que pegava as criancinhas para fazer mingau? Pois eu vou pegar um gato para fazer miau...
Saiu correndo rindo atrás do gato, que pego de surpresa, fugiu meio apavorado e ao mesmo tempo parecendo entrar na brincadeira.
- Te peguei seu gato convencido...
- Oi amor...
- Oi Lê, nem te vi chegar. É que eu estava muito ocupada caçando um certo gato pelo apartamento... Rs.
- Eu vi e estou quase com ciúmes. A propósito peguei na locadora este filme...
- Antes do amanhecer ?
- É, sabe aquele filme que a Helsinha te contou que assistiu no Rio?
- Sei, aquele que ela foi ver com o Nelson quando estiveram lá estes dias, se chamava Antes do por do sol e falava de um casal que se reencontrava em Paris depois de nove anos quando se apaixonaram durante uma noite de verão em que passearam e conversaram andando pelas ruas de Viena?
- É, justamente. Este é o DVD que conta a primeira parte da história, a parte que se passa em Viena.
- Claro meu amor, espero que eles não estejam copiando a nossa história... rs
Assistiram ao filme. Riram, choraram e se identificaram com os personagens Jesse e Celine interpretados por Ethan Hawke e Julie Delpy. Sentiram-se visitando as ruas de Viena nas longas tomadas em que o belíssimo cenário e a excelente fotografia servem de pano de fundo para diálogos sensíveis e inteligentes e para uma história que começa pela identificação de dois seres, vai evoluindo naturalmente para uma profunda amizade até se revelar como atração e amor irresistíveis.
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Era uma flor, não uma rosa, era uma flor-do-campo. Leandro havia comprado um ramalhete para decorar a mesa da sala que também havia sido recém adquirida. Pegou a flor e colocou sobre a orelha de modo que enfeitasse o cabelo. O mesmo cabelo que estava pintado de azul e verde quando conhecera Leandro. Olhou-se no espelho, outra nova aquisição , já que agora ela era uma hospede freqüente e vaidosa.
- Que tal mister cat? Perguntou olhando para o gato pelo espelho.
- O que? Deu um leve tom de requinte no meu cabelo? Também achei. Tu tens bom gosto, sabia Miu? A propósito, seu felino fleumático, tu sabias que havia um lobo que pegava as criancinhas para fazer mingau? Pois eu vou pegar um gato para fazer miau...
Saiu correndo rindo atrás do gato, que pego de surpresa, fugiu meio apavorado e ao mesmo tempo parecendo entrar na brincadeira.
- Te peguei seu gato convencido...
- Oi amor...
- Oi Lê, nem te vi chegar. É que eu estava muito ocupada caçando um certo gato pelo apartamento... Rs.
- Eu vi e estou quase com ciúmes. A propósito peguei na locadora este filme...
- Antes do amanhecer ?
- É, sabe aquele filme que a Helsinha te contou que assistiu no Rio?
- Sei, aquele que ela foi ver com o Nelson quando estiveram lá estes dias, se chamava Antes do por do sol e falava de um casal que se reencontrava em Paris depois de nove anos quando se apaixonaram durante uma noite de verão em que passearam e conversaram andando pelas ruas de Viena?
- É, justamente. Este é o DVD que conta a primeira parte da história, a parte que se passa em Viena.
- Claro meu amor, espero que eles não estejam copiando a nossa história... rs
Assistiram ao filme. Riram, choraram e se identificaram com os personagens Jesse e Celine interpretados por Ethan Hawke e Julie Delpy. Sentiram-se visitando as ruas de Viena nas longas tomadas em que o belíssimo cenário e a excelente fotografia servem de pano de fundo para diálogos sensíveis e inteligentes e para uma história que começa pela identificação de dois seres, vai evoluindo naturalmente para uma profunda amizade até se revelar como atração e amor irresistíveis.
segunda-feira, novembro 15, 2004
Magda e Leandro VIII Considerações sobre a fidelidade e assuntos afins.
Ainda no apartamento dele, haviam acabado de fazer amor. Amainadas a alta tensão e o alto tesão, conversavam e filosofavam. Dizia ele:
- Princesa, eu estou tão feliz que chego a ter um certo receio...
- Do quê?
- É que quero muito ficar contigo...
- Sim?
- Mas ao mesmo tempo preso muito a minha liberdade...
- Anjo, no que depender de mim, tu continuas e continuarás sempre livre... (riu da citação involuntária da marca de absorvente íntimo)
- É?
- É!
- E se eu usar a minha liberdade para ter uma história com outra... Provocou ele não escondendo um olhar e um riso que pareciam dizer: - Te peguei, heim?
- Espertinho... Não vou fugir da tua pergunta. Em primeiro lugar, eu duvido que podendo namorar comigo tu vais querer te envolver com outra. Em segundo lugar, se tu quiseres mesmo isso, a responsabilidade será tua, pessoal e intransferível...
- Será que: Um.Isso não é um pouco de pretensão tua? Dois. Será que a infidelidade segue alguma lógica?
- Não me acho pretensiosa, mas tenho consciência do meu valor e potencial, assim como tenho consciência dos meus defeitos... Haverá momentos e dias em que nem eu mesma me suportarei muito. Sendo assim, como exigir que a pessoa que estiver comigo me suporte?
- Em suma moça: Nós estamos juntos a menos que não estejamos ou vice-versa e antes pelo contrário...
- É, é parecido com isso...
- E se tivermos filhos?
- Meu querido, se tivermos filho, filha ou uma ninhada, isso terá sido um projeto conjunto ou não terá sido. A princípio não tenho muita vocação, neste terreno, para freela e nem tenho projeto de ser mãe solteira. Se for para ficar sozinha, pelo menos por enquanto, prefiro ficar sozinha mesmo, sem a responsabilidade de criar e educar outra pessoa...
- E?
- E daí que, se tivermos filhos isto vai envolver algum grau de responsabilidade tua também. Tu até poderá te separar de mim, mas de filhos é mais difícil, se é que é possível.
- Humm... Falou abraçando ela, tu é uma garota cheia de certezas e filosofias, será que a vida concorda em tudo e em todos os pontos de vista contigo?
- Não sei! Estou sempre experimentando. Às vezes desafio os deuses, se eles não gostarem o risco é meu. Até hoje temos conseguido nos entender.
- Rs. Certo minha Simone de Beauvoir...
- Prazer, Magda Guimarães Alencar.
- Leandro Só.
- Só Leandro?
- Não, Só é sobrenome mesmo, e eu sei que deixa margem para uma série de possibilidades de piadas e trocadilhos... Na verdade é Só e Silva, mas eu prefiro assinar só Só, sem o Silva...
- Tá bom meu rapaz solitário, eu cheguei para preencher estas lacunas... Rs.
Riram. Pouco a pouco eles vão construindo a sua relação. Vai dar certo? Nem eu sei nem eles sabem. Torço por eles!
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Ainda no apartamento dele, haviam acabado de fazer amor. Amainadas a alta tensão e o alto tesão, conversavam e filosofavam. Dizia ele:
- Princesa, eu estou tão feliz que chego a ter um certo receio...
- Do quê?
- É que quero muito ficar contigo...
- Sim?
- Mas ao mesmo tempo preso muito a minha liberdade...
- Anjo, no que depender de mim, tu continuas e continuarás sempre livre... (riu da citação involuntária da marca de absorvente íntimo)
- É?
- É!
- E se eu usar a minha liberdade para ter uma história com outra... Provocou ele não escondendo um olhar e um riso que pareciam dizer: - Te peguei, heim?
- Espertinho... Não vou fugir da tua pergunta. Em primeiro lugar, eu duvido que podendo namorar comigo tu vais querer te envolver com outra. Em segundo lugar, se tu quiseres mesmo isso, a responsabilidade será tua, pessoal e intransferível...
- Será que: Um.Isso não é um pouco de pretensão tua? Dois. Será que a infidelidade segue alguma lógica?
- Não me acho pretensiosa, mas tenho consciência do meu valor e potencial, assim como tenho consciência dos meus defeitos... Haverá momentos e dias em que nem eu mesma me suportarei muito. Sendo assim, como exigir que a pessoa que estiver comigo me suporte?
- Em suma moça: Nós estamos juntos a menos que não estejamos ou vice-versa e antes pelo contrário...
- É, é parecido com isso...
- E se tivermos filhos?
- Meu querido, se tivermos filho, filha ou uma ninhada, isso terá sido um projeto conjunto ou não terá sido. A princípio não tenho muita vocação, neste terreno, para freela e nem tenho projeto de ser mãe solteira. Se for para ficar sozinha, pelo menos por enquanto, prefiro ficar sozinha mesmo, sem a responsabilidade de criar e educar outra pessoa...
- E?
- E daí que, se tivermos filhos isto vai envolver algum grau de responsabilidade tua também. Tu até poderá te separar de mim, mas de filhos é mais difícil, se é que é possível.
- Humm... Falou abraçando ela, tu é uma garota cheia de certezas e filosofias, será que a vida concorda em tudo e em todos os pontos de vista contigo?
- Não sei! Estou sempre experimentando. Às vezes desafio os deuses, se eles não gostarem o risco é meu. Até hoje temos conseguido nos entender.
- Rs. Certo minha Simone de Beauvoir...
- Prazer, Magda Guimarães Alencar.
- Leandro Só.
- Só Leandro?
- Não, Só é sobrenome mesmo, e eu sei que deixa margem para uma série de possibilidades de piadas e trocadilhos... Na verdade é Só e Silva, mas eu prefiro assinar só Só, sem o Silva...
- Tá bom meu rapaz solitário, eu cheguei para preencher estas lacunas... Rs.
Riram. Pouco a pouco eles vão construindo a sua relação. Vai dar certo? Nem eu sei nem eles sabem. Torço por eles!
quinta-feira, novembro 11, 2004
Magda e Leandro (VII) Para que serve o amor?
- Oi princesa...
- Oi amor...
Foi assim. Não se jogaram nos braços um do outro. Ao contrário, se deixaram tomar pela imensa atração e lentamente juntaram bocas e corpos. Abraçaram-se com força e simplesmente deixaram fluir o prazer do reencontro após uma semana em que estiveram fisicamente afastados. Ela sentia a boca e o sexo molhados, o peito quente e a musculatura relaxada. Não queria transar de imediato, queria registrar com todos os sentidos o prazer do reencontro e prolongar ao máximo o desejo.
Ele se sentia tomado de um imenso carinho por ela e de uma necessidade forte de dar segurança e proteção, como que querendo fazer parar o tempo e eternizar o bem estar que lhe dominava o corpo. Pouco haviam se falado durante a semana, cada um envolvido com seus compromissos.
Finalmente, e um pouco a contragosto, saíram lentamente daquele momento mágico e voltaram ao tempo presente, entrando no apartamento dele. Quase tropeçaram no gato, que até então olhava a tudo observador.
- Magda, este é o Miu.
- Miu?
- É. Quando ele veio para cá, filhote, o miado dele soava assim, baixinho. Ele ainda não tinha força suficiente para fazer miau...
- Rs... Tá bom... Oi Miu eu sou a Mags. Tu és o gato do gato e eu sou a gata dele. Se tu te comportares posso me apaixonar por ti também...
- Miu, esta é a nossa namorada que veio para ficar e cuidar de nós dois, eu espero...
- Ficar em definitivo ainda não, mas as chances são boas, não percam as esperanças...
Ela foi olhando o apartamento que era de fundos, menor e mais simples que o dela.
Ficava no 3º andar de um prédio antigo e sem elevador, perto do centro. Tinha a janela da sala voltada para o norte e a do quarto voltada para oeste. Pegava bastante luz e calor do sol. Tinha um pequeno quarto onde ficava a cama (de casal), um armário e uma estante com livros. Na sala tinha um pequeno sofá, um computador e uma TV. No combinado cozinha/área de serviço se via um fogão, uma geladeira, um armário, uma máquina de lavar e uma de secar, além do tanque e da pia. O banheiro ficava entre a sala e o quarto e tinha uma caixa de areia onde o gato fazia as suas necessidades.
- Este é o meu Ap...
- Gostei daqui...
- Bom saber, ontem pedi para a senhora que limpa deixar ele pelo menos habitável... RS
- Exagerado. Tu não me pareces desorganizado...
- Na verdade não sou, mas receava não causar boa impressão.
- Notei que não sou a primeira moça que vem te visitar...
- Fala isto pela cama de casal? Na verdade gosto de dormir numa cama confortável...
- Não te preocupa, não sou ciumenta e não tenho medo delas...
- Elas quem?
- As outras. Comigo no páreo elas não tem a mínima chance... RS
- Convencida! Falou acariciando o rosto dela.
- Convencida não, realista às vezes e às vezes sonhadora. Não espere de mim só facilidades, mas saiba que te admiro...
- Achei que também me amasses...
- Claro que amo bobo (abriu um sorriso cativante). Precisa dizer?
- Precisa dizer e sentir.
- Ok, darling. Tu queres carinho não é?
- É...
- Eu também...
E assim se preparavam no meio de mais um beijo prolongado para um 2º fim de semana de gozos e delícias, como acontece em todo início.
O gato a tudo olhava com certa perspicácia filosófica.
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- Oi princesa...
- Oi amor...
Foi assim. Não se jogaram nos braços um do outro. Ao contrário, se deixaram tomar pela imensa atração e lentamente juntaram bocas e corpos. Abraçaram-se com força e simplesmente deixaram fluir o prazer do reencontro após uma semana em que estiveram fisicamente afastados. Ela sentia a boca e o sexo molhados, o peito quente e a musculatura relaxada. Não queria transar de imediato, queria registrar com todos os sentidos o prazer do reencontro e prolongar ao máximo o desejo.
Ele se sentia tomado de um imenso carinho por ela e de uma necessidade forte de dar segurança e proteção, como que querendo fazer parar o tempo e eternizar o bem estar que lhe dominava o corpo. Pouco haviam se falado durante a semana, cada um envolvido com seus compromissos.
Finalmente, e um pouco a contragosto, saíram lentamente daquele momento mágico e voltaram ao tempo presente, entrando no apartamento dele. Quase tropeçaram no gato, que até então olhava a tudo observador.
- Magda, este é o Miu.
- Miu?
- É. Quando ele veio para cá, filhote, o miado dele soava assim, baixinho. Ele ainda não tinha força suficiente para fazer miau...
- Rs... Tá bom... Oi Miu eu sou a Mags. Tu és o gato do gato e eu sou a gata dele. Se tu te comportares posso me apaixonar por ti também...
- Miu, esta é a nossa namorada que veio para ficar e cuidar de nós dois, eu espero...
- Ficar em definitivo ainda não, mas as chances são boas, não percam as esperanças...
Ela foi olhando o apartamento que era de fundos, menor e mais simples que o dela.
Ficava no 3º andar de um prédio antigo e sem elevador, perto do centro. Tinha a janela da sala voltada para o norte e a do quarto voltada para oeste. Pegava bastante luz e calor do sol. Tinha um pequeno quarto onde ficava a cama (de casal), um armário e uma estante com livros. Na sala tinha um pequeno sofá, um computador e uma TV. No combinado cozinha/área de serviço se via um fogão, uma geladeira, um armário, uma máquina de lavar e uma de secar, além do tanque e da pia. O banheiro ficava entre a sala e o quarto e tinha uma caixa de areia onde o gato fazia as suas necessidades.
- Este é o meu Ap...
- Gostei daqui...
- Bom saber, ontem pedi para a senhora que limpa deixar ele pelo menos habitável... RS
- Exagerado. Tu não me pareces desorganizado...
- Na verdade não sou, mas receava não causar boa impressão.
- Notei que não sou a primeira moça que vem te visitar...
- Fala isto pela cama de casal? Na verdade gosto de dormir numa cama confortável...
- Não te preocupa, não sou ciumenta e não tenho medo delas...
- Elas quem?
- As outras. Comigo no páreo elas não tem a mínima chance... RS
- Convencida! Falou acariciando o rosto dela.
- Convencida não, realista às vezes e às vezes sonhadora. Não espere de mim só facilidades, mas saiba que te admiro...
- Achei que também me amasses...
- Claro que amo bobo (abriu um sorriso cativante). Precisa dizer?
- Precisa dizer e sentir.
- Ok, darling. Tu queres carinho não é?
- É...
- Eu também...
E assim se preparavam no meio de mais um beijo prolongado para um 2º fim de semana de gozos e delícias, como acontece em todo início.
O gato a tudo olhava com certa perspicácia filosófica.
sábado, novembro 06, 2004
Magda e Leandro V (considerações sobre a solidão).
Leandro voltou a pé para casa. Escurecia naquele final de domingo. Sentia-se feliz, apesar de um pouco confuso. Sempre fora um cara meio solitário, por escolha própria. Eventualmente saia com amigos ou colegas de trabalho, para beber ou jogar conversa fora, mas isto não lhe satisfazia muito. Não gostava dos jogos de enganação que rolam quando vários homens se reúnem para se divertir e conversar. Não sentia grande vantagem em escutar, e às vezes também contar (só para não ficar para trás), estórias e feitos que todos sabiam ser, na maior parte, pura invenção. Se todos eram os grandes comedores que diziam ser (inclusive ele) porque será que por trás das bravatas e feitos heróicos deixavam transparecer tanta inconformidade, solidão e descontentamento com a vida? Sim, sabia que, por via de regra, assuntos mais profundos e filosóficos não eram costume nas rodas de conversa masculina. Todos (inclusive ele) tão frágeis e querendo posar de garanhões, vencedores, sabedores, habilidosos e ao mesmo tempo tentando com piadas e deboches tirar o tapete uns dos outros. Conversas em grupos mistos também não lhe satisfaziam por completo, pois se sabia egocêntrico. Gostava mesmo era de conversar com mulheres inteligentes, com quem podia se abrir mais e com menos limitações. Mas mesmo isto tinha seus senões, pois prezava muito à liberdade (por isto ainda não casara), e mulheres, quando começavam a sair seguido com o mesmo cara, sempre queriam compromisso. Enfim, se sabia exigente e chato, por isto optara pela solidão na maior parte do seu tempo livre. Assim não precisava impor sua chatice e nem precisava aturar as dos outros.
Mas com Magda tudo estava sendo diferente, ela conseguia lhe tocar o coração e ao mesmo tempo lhe deixar a vontade, sem exigir e cobrar demais. Ela lhe lembrava a música "Vitoriosa" de Ivan Lins:
Quero sua risada mais gostosa,
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa.
Quero sua alegria escandalosa,
Vitoriosa por não ter
Vergonha de aprender como se goza.
Quero toda sua pouca castidade,
Quero toda sua louca liberdade,
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites,
E ir além, e ir além.
Sim, ele queria isto de uma mulher, e estava tendo com Magda!
DEUS tenha piedade de minha alma (pensou sorrindo).
Magda e Leandro VI ("La Belle Histoire D'Amour").
Na frente do prédio, Magda beijou Leandro e entrou correndo. Era pura alegria. Apertou o botão do elevador com impaciência. Cumprimentou sorrindo a velhinha que saia quando ele chegou. Apertou o 9º andar e se olhou no espelho que havia na cabine. Achou-se bonita, bonita não, achou-se linda.
- Linda e luminosa.
Falou sozinha não contendo o riso.
- Eu estou louca. Falou para a sua imagem refletida
- Louca de feliz...
Chegou no seu apartamento e ligou a televisão (era um truque que usava para não se sentir sozinha). Na TV um repórter falava sobre uma guerra em algum lugar do mundo. Mudou o canal. Na MTV tocava um clipe de uma banda de rock. Ao ver o vocalista pensou : Este cara é um gato!
- Mas o meu é melhor - falou alto não contendo a risada.
Dançou um pouco em frente à televisão ao som da música.
- Definitivamente estou maluca.
- Tô nem aí, que venha a felicidade.
Correu para o telefone e discou um número. Deitou de bruços no sofá enquanto o telefone chamava e jogou as pernas para cima.
- Helsinha?
- Sim?
- Mags...
- Oi, sua doida! O que aconteceu? Perdeu de novo a chave do apartamento?
- Não, abestada. Adivinha com quem passei o fim de semana.
- Com teus pais?
- Claro que não maluca...passei com ele...
- Ele quem?
- O "Sério"...
- Sério que Sé...
- O cara que te falei.
- Séeeerio?
- É séeeerio, bobona, estamos namorando...
- Ai guria, me conta...
- Ele é um gato, assim meio formal e divertido...
- Formal e divertido?
- É... Deixa pra lá, tu não vai entender mesmo...
- Sei... Já vi que não vai dar nada que preste...
- Invejosa. Rs... Pára de me urubuzar!
- Sério Mags, vai , mas vai com cuidado... Falo isto porque gosto de ti.
- Eu sei Helsinha. É que eu tô muito, muito feliz...
- Tenho que desligar; o Nelson está me chamando.
- Nelson! Nelson! Agora tu só queres saber deste Nelson...
- Até parece... Quem é que estava falando sobre novo namorado mesmo?
- Tá bom, Helsinha. Um beijo... E um beijo no Nelson...
- Sua atirada. Deixa o... Como é mesmo o nome do cara mesmo?
- Leandro...
- Deixa o Leandro saber disto...
- Não deixo não, além do mais o meu é mais bonito...
- Sei... Te cuida, Mags!
- Me cuido sim e tu te cuida com o Nelson, ele é tarado...
- Ah, ah, ah...Que bom se fosse mesmo... Bom, fofa: Vou desligar.
- Tchau...
Desligou o telefone. Ficou um tempão deitada e olhando para a TV. Tudo estava super colorido. Pegou no sono. Sorrindo.
(A alegria é fonte de vida.)
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Leandro voltou a pé para casa. Escurecia naquele final de domingo. Sentia-se feliz, apesar de um pouco confuso. Sempre fora um cara meio solitário, por escolha própria. Eventualmente saia com amigos ou colegas de trabalho, para beber ou jogar conversa fora, mas isto não lhe satisfazia muito. Não gostava dos jogos de enganação que rolam quando vários homens se reúnem para se divertir e conversar. Não sentia grande vantagem em escutar, e às vezes também contar (só para não ficar para trás), estórias e feitos que todos sabiam ser, na maior parte, pura invenção. Se todos eram os grandes comedores que diziam ser (inclusive ele) porque será que por trás das bravatas e feitos heróicos deixavam transparecer tanta inconformidade, solidão e descontentamento com a vida? Sim, sabia que, por via de regra, assuntos mais profundos e filosóficos não eram costume nas rodas de conversa masculina. Todos (inclusive ele) tão frágeis e querendo posar de garanhões, vencedores, sabedores, habilidosos e ao mesmo tempo tentando com piadas e deboches tirar o tapete uns dos outros. Conversas em grupos mistos também não lhe satisfaziam por completo, pois se sabia egocêntrico. Gostava mesmo era de conversar com mulheres inteligentes, com quem podia se abrir mais e com menos limitações. Mas mesmo isto tinha seus senões, pois prezava muito à liberdade (por isto ainda não casara), e mulheres, quando começavam a sair seguido com o mesmo cara, sempre queriam compromisso. Enfim, se sabia exigente e chato, por isto optara pela solidão na maior parte do seu tempo livre. Assim não precisava impor sua chatice e nem precisava aturar as dos outros.
Mas com Magda tudo estava sendo diferente, ela conseguia lhe tocar o coração e ao mesmo tempo lhe deixar a vontade, sem exigir e cobrar demais. Ela lhe lembrava a música "Vitoriosa" de Ivan Lins:
Quero sua risada mais gostosa,
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa.
Quero sua alegria escandalosa,
Vitoriosa por não ter
Vergonha de aprender como se goza.
Quero toda sua pouca castidade,
Quero toda sua louca liberdade,
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites,
E ir além, e ir além.
Sim, ele queria isto de uma mulher, e estava tendo com Magda!
DEUS tenha piedade de minha alma (pensou sorrindo).
Magda e Leandro VI ("La Belle Histoire D'Amour").
Na frente do prédio, Magda beijou Leandro e entrou correndo. Era pura alegria. Apertou o botão do elevador com impaciência. Cumprimentou sorrindo a velhinha que saia quando ele chegou. Apertou o 9º andar e se olhou no espelho que havia na cabine. Achou-se bonita, bonita não, achou-se linda.
- Linda e luminosa.
Falou sozinha não contendo o riso.
- Eu estou louca. Falou para a sua imagem refletida
- Louca de feliz...
Chegou no seu apartamento e ligou a televisão (era um truque que usava para não se sentir sozinha). Na TV um repórter falava sobre uma guerra em algum lugar do mundo. Mudou o canal. Na MTV tocava um clipe de uma banda de rock. Ao ver o vocalista pensou : Este cara é um gato!
- Mas o meu é melhor - falou alto não contendo a risada.
Dançou um pouco em frente à televisão ao som da música.
- Definitivamente estou maluca.
- Tô nem aí, que venha a felicidade.
Correu para o telefone e discou um número. Deitou de bruços no sofá enquanto o telefone chamava e jogou as pernas para cima.
- Helsinha?
- Sim?
- Mags...
- Oi, sua doida! O que aconteceu? Perdeu de novo a chave do apartamento?
- Não, abestada. Adivinha com quem passei o fim de semana.
- Com teus pais?
- Claro que não maluca...passei com ele...
- Ele quem?
- O "Sério"...
- Sério que Sé...
- O cara que te falei.
- Séeeerio?
- É séeeerio, bobona, estamos namorando...
- Ai guria, me conta...
- Ele é um gato, assim meio formal e divertido...
- Formal e divertido?
- É... Deixa pra lá, tu não vai entender mesmo...
- Sei... Já vi que não vai dar nada que preste...
- Invejosa. Rs... Pára de me urubuzar!
- Sério Mags, vai , mas vai com cuidado... Falo isto porque gosto de ti.
- Eu sei Helsinha. É que eu tô muito, muito feliz...
- Tenho que desligar; o Nelson está me chamando.
- Nelson! Nelson! Agora tu só queres saber deste Nelson...
- Até parece... Quem é que estava falando sobre novo namorado mesmo?
- Tá bom, Helsinha. Um beijo... E um beijo no Nelson...
- Sua atirada. Deixa o... Como é mesmo o nome do cara mesmo?
- Leandro...
- Deixa o Leandro saber disto...
- Não deixo não, além do mais o meu é mais bonito...
- Sei... Te cuida, Mags!
- Me cuido sim e tu te cuida com o Nelson, ele é tarado...
- Ah, ah, ah...Que bom se fosse mesmo... Bom, fofa: Vou desligar.
- Tchau...
Desligou o telefone. Ficou um tempão deitada e olhando para a TV. Tudo estava super colorido. Pegou no sono. Sorrindo.
(A alegria é fonte de vida.)
quarta-feira, novembro 03, 2004
Magda e Leandro IV (Por que a felicidade é quase nada).
Acordaram.
O domingo se anunciava perfeito para um casal apaixonado. Quente e brilhante, praticamente sem nuvens no céu. Um leve torpor pós-sono tomava os corpos ainda nus. Ficaram durante longos instantes se observando. A paixão substituída, naquele momento, pelos olhares de admiração e carinho mútuos.
- Você é linda. Falou ele enternecido.
- Daqui a alguns anos tu vais continuar achando isto? Perguntou ela com um sorriso meigo.
- Eu vou estar vivo daqui a alguns anos?
- Bobo...
Levantaram.
Ela se movimentava com leveza, quase movimentos de bailarina. Ele vestiu, com certo puritanismo, a cueca e a camiseta. Ela não fazia a mínima menção de se cobrir, ao contrário, parecia sentir bem-estar em permanecer nua.
- E agora, minha bem amada, o que resta para nós pobres mortais? Perguntou ele, divertidamente tentando parecer shakespeareano.
- Agora temos, Milord, uma donzela deflorada e uma tragédia anunciada... Respondeu ela entrando na brincadeira.
- Que tragédia, Milady?
- Eles estão condenados a ficarem juntos por toda a eternidade e a serem felizes para sempre...
- C`est terrible... Falou ele se aproximando e a abraçando carinhosamente, enquanto beijava seu pescoço.
- Vocês meninos só pensam em sexo, disse ela simulando desaprovação, enquanto se afastava lentamente.
- Não que eu não goste; ao contrário, adoro. Só que, neste exato momento, minha prioridade é a alimentação. Estou faminta, ainda mais depois de uma noite de orgia e depravações como a que tivemos... Disse ela sorrindo.
Foi para a cozinha, preparou duas torradas e dois copos de suco de laranja, voltou para a sala e ofereceu para ele.
Bom este livro? Perguntou ele, segurando o exemplar que havia visto marcado em cima do pequeno sofá.
- Sim, A mulher do viajante do tempo. É uma estória de um cara que viaja no tempo e acompanha diversas etapas da vida da mulher com quem termina casando. É bem romântico e especial para garotas sonhadoras como eu.
- Também sou sonhador, mas a vida nos chama para a luta aflita, temos projetos a executar, objetivos a alcançar e contas a pagar. Quando vemos estamos envelhecendo e deixando de acreditar no Papai Noel e em outras coisas importantes...
-Sei disto... Suspirou ela.
- Bom, vamos nos arrumar e sair, moço. A vida não é só festa...
- É passeio também.
Tomaram banho, se arrumaram, caminharam no parque, almoçaram em um pequeno e simpático restaurante e depois foram na Feira do Livro que estava acontecendo na cidade. Ele comprou Os Vagabundos Iluminados de Jack Kerouac (prometeu emprestar para ela após terminar de ler). E assim o domingo passou. No final da tarde cada um foi para o seu apartamento sem despedidas, pois ambos sabiam que estavam definitivamente juntos, mesmo que ocasionalmente separados. Nosso casal ainda tem muita coisa a fazer e a experimentar. Estão apaixonados. Alguém vai ter a coragem de torcer contra?
Recado para quem esta achando esta estória açucarada demais: Meu objetivo é justamente este: Chocar vocês pelo romantismo. Tipo Tom Jobim: Passarinho me conta então me diz, porque eu também não fui feliz?
Abraços, meu povo!
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Acordaram.
O domingo se anunciava perfeito para um casal apaixonado. Quente e brilhante, praticamente sem nuvens no céu. Um leve torpor pós-sono tomava os corpos ainda nus. Ficaram durante longos instantes se observando. A paixão substituída, naquele momento, pelos olhares de admiração e carinho mútuos.
- Você é linda. Falou ele enternecido.
- Daqui a alguns anos tu vais continuar achando isto? Perguntou ela com um sorriso meigo.
- Eu vou estar vivo daqui a alguns anos?
- Bobo...
Levantaram.
Ela se movimentava com leveza, quase movimentos de bailarina. Ele vestiu, com certo puritanismo, a cueca e a camiseta. Ela não fazia a mínima menção de se cobrir, ao contrário, parecia sentir bem-estar em permanecer nua.
- E agora, minha bem amada, o que resta para nós pobres mortais? Perguntou ele, divertidamente tentando parecer shakespeareano.
- Agora temos, Milord, uma donzela deflorada e uma tragédia anunciada... Respondeu ela entrando na brincadeira.
- Que tragédia, Milady?
- Eles estão condenados a ficarem juntos por toda a eternidade e a serem felizes para sempre...
- C`est terrible... Falou ele se aproximando e a abraçando carinhosamente, enquanto beijava seu pescoço.
- Vocês meninos só pensam em sexo, disse ela simulando desaprovação, enquanto se afastava lentamente.
- Não que eu não goste; ao contrário, adoro. Só que, neste exato momento, minha prioridade é a alimentação. Estou faminta, ainda mais depois de uma noite de orgia e depravações como a que tivemos... Disse ela sorrindo.
Foi para a cozinha, preparou duas torradas e dois copos de suco de laranja, voltou para a sala e ofereceu para ele.
Bom este livro? Perguntou ele, segurando o exemplar que havia visto marcado em cima do pequeno sofá.
- Sim, A mulher do viajante do tempo. É uma estória de um cara que viaja no tempo e acompanha diversas etapas da vida da mulher com quem termina casando. É bem romântico e especial para garotas sonhadoras como eu.
- Também sou sonhador, mas a vida nos chama para a luta aflita, temos projetos a executar, objetivos a alcançar e contas a pagar. Quando vemos estamos envelhecendo e deixando de acreditar no Papai Noel e em outras coisas importantes...
-Sei disto... Suspirou ela.
- Bom, vamos nos arrumar e sair, moço. A vida não é só festa...
- É passeio também.
Tomaram banho, se arrumaram, caminharam no parque, almoçaram em um pequeno e simpático restaurante e depois foram na Feira do Livro que estava acontecendo na cidade. Ele comprou Os Vagabundos Iluminados de Jack Kerouac (prometeu emprestar para ela após terminar de ler). E assim o domingo passou. No final da tarde cada um foi para o seu apartamento sem despedidas, pois ambos sabiam que estavam definitivamente juntos, mesmo que ocasionalmente separados. Nosso casal ainda tem muita coisa a fazer e a experimentar. Estão apaixonados. Alguém vai ter a coragem de torcer contra?
Recado para quem esta achando esta estória açucarada demais: Meu objetivo é justamente este: Chocar vocês pelo romantismo. Tipo Tom Jobim: Passarinho me conta então me diz, porque eu também não fui feliz?
Abraços, meu povo!