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terça-feira, maio 01, 2007

Eis que de uns tempos para cá tenho me dado conta de que a minha alma estacionou nos anos 80 e recém começa a sair de lá.
Não foi nada drástico. Apenas em dado momento, creio que quando Lula perdeu a eleição para o Collor em 89, ela (alma) se recusou a ir adiante e a viver os "anos negros" que estavam por vir (e que para mim vieram de maneira concreta, principalmente durante os longos 8 anos do reinado de efeagácê ).
Naquele momento, e só me dou conta disso agora, liguei o automático para o corpo e o deixei vivendo a dura realidade, enquanto exilava o meu espírito no mundo das idéias e dos ideais.
Como cheguei a esta conclusão? Estes dias, eu que renunciei a assistir TV, comecei a ler um artigo sobre as novidades tecnológicas, daí, percebi que muitas coisas triviais para os habitantes do presente, como um i-pode, soavam como algo meio velado para mim, algo de dificil compreenção e de mais difícil assimilação.
Veja bem: consegui acompanhar, até por dever profissional, todo o refinamento e transformação da informática e me surpreendo, as vezes, diante de um simples pen-drive.
Percebi, também, que muitos da minha geração são viúvos da década da "geração saúde" - termo cunhado à época em que nos orgulhavamos das nossas diferenças em relação a geração dos "maconheiros" dos anos 70. Este simplismo pode soar como piada mas era assim que era e era assim que gostavamos que fosse.
Realmente, os anos oitenta surgiram como a década do "deu prá ti anos 70" e a intenção era afastar, como acabou acontecendo, o chumbo político e uma visão pesada de mundo.
Tudo parecia contribuir para isso. Tudo levava a crer que finalmente haveria o triunfo da luz sobre as trevas. Até o o Papa (o João Paulo I) assumia com um ar bonachão e declarando que Deus era pai e era mãe (por óbvio ele não durou muito e depois de "morrido" foi substituido por outro mais ao gosto dos conservadores). Tudo era festa e otimismo, os homens usavam sem medo de serem felizes cores berrantes e muito se declaravam andróginos. Foi alí que os homens começaram a engravidar com as mulheres, a se permitirem ter emoções e afetos e, suprema ousadia, a gostar disso.
Tudo ia bem na nossa escalada rumo ao topo do Olimpo quando apareceu a AIDS, o governo Tatcher na Inglaterra e Reagan nos EE UU, o neo-liberalismo, o neo-conservadorismo, o individualismo narcisista dos Yuppies (relembrando: young upwadly mobile professionals), o belicismo e o gosto pelos conflitos como estilo de vida, o louvor à concorrência e a volta do machismo (o mais primitivo possível). Chegou a ponto das mulheres adotarem os padrões de comportamento masculino-negativos (agresividade violenta, mutismo, fria objetividade e carreira profissonal como meio e meta). Enfim, o próprio inferno na terra.
Foram longos anos, mas tudo, mesmo o que não presta, um dia termina.
A humanidade cansada de guerra e desanimada com a falta de calor emocional parece estar despertando.
Deus queira que desta vez tudo corra bem e que nenhuma luz precisse se salvar, mas que possa ocorrer a plena luminossidade (algúns não a suportarão e vão implorar por trevas, paciência...). Os anos 80 dos "...insanos dezembros, mas quando eu me lembro são anos dourados..." não voltarão, mas "temo" que surja algo melhor e com bases mais sólidas. Esperemos, trabalhemos para isso, oremos e vigiemos...

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