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segunda-feira, dezembro 19, 2005

O Romance pragmático


Se encontraram, ela vinte e poucos, recém formada em administração e sem maiores perpectivas de evolução profissional (aliás, estava desempregada). Ele um executivo bem sucedido (isso é, ganhava mais do que precisava para viver bem e sem motivação para gastar o muito que tinha guardado), na faixa dos quarenta e "entediado da vida".
Como é comum entre macho e fêmea solteiros não demorou para que começassem a sair juntos e coisa e tal...
Um dia, vendo onde aquilo podia dar, ele chegou para ela e falou num rasgo de sinceridade pouco comum entre apaixonados:

- Olha, sei que estamos bem, o sexo é bom e temos vários interesses em comum (ou será que queria dizer interesses incomuns?), por isto vou te fazer uma proposta:

- Eu não acredito em amor eterno e sei que tu és ambiciosa. Te proponho o seguinte: A gente continua junto, sem casar, cada um tendo sua vida e liberdade e eu, que tenho muito, patrocino os teus estudos e te dou uma mesada. Em troca tu continuas me dando sexo de boa qualidade e companheirismo, além, claro de infindáveis conversas em bom nível intelectual, ou seja nada que seja sacrificio para ti. O dia que tu puderes ou quiseres afastar-se de mim, terás toda a liberdade para me dar um chute e ir viver tua vida.

Ela olhou para ele com um olhar meio magoado e disse que ia pensar.
Não demorou muito. Sentindo que tinha pouco a perder ela acabou aceitando. Assim foi e assim pactuaram.
Os anos passaram e cada um cumpriu sua parte no trato, sem resentimentos e sem apegos. Ela estudou e virou executiva bem sucedida. Ele continuou tendo a carreira estável que sempre teve. Nunca se separaram e nem tiveram filhos (tiveram brigas e felicidades dentro dos conformes). Um dia ele perto dos setenta, ela com quarenta e tantos, foi acometido de grave doença que lhe levaria desta para a outra. Perto do desenlace ela lhe perguntou:
- Fiz tudo o que tu me pediste, pelo menos morres feliz?
- Querida, estes anos todos do teu lado foram os melhores da minha vida e não os trocaria por nada.
- Há é? Onde ias então quando dormias fora de casa ou viajava sem dar maiores satisfações?
- Na realidade não ia para lugar nenhum nestas ocasiões já que tinha contigo tudo o que necessitava. E tu? Porque, mesmo quando já não precisavas do meu dinheiro, não te separastes de mim?
- Quem disse que eu queria me separar de ti?
- É, acho que fomos o Amor um do outro!
- Sim, fomos o Amor um do outro.

Isto posto ele enlaçou a sua mão na dela e deu o tal "último suspiro"...

¿O AMOR NÃO É MESMO UM AMOR?

E quem dentre vós poderá dizer que isto não se sucedeu?




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