Tons e Graus .comment-link {margin-left:.6em;} <$BlogRSDURL$> 5a8 ;

domingo, outubro 24, 2004

O heróico enlevo de Magda e Leandro.


Ele tomava sua cerveja, como sempre fazia, naquele domingo no bar em frente ao píer na beira do rio. Era o entardecer de mais um enfadonho domingo. Em outras épocas esta hora do dia lhe deixava melancólico, pensando em toda uma nova semana a ser enfrentada. Isto não mais acontecia. Fazia algum tempo que Cronos perdera o poder de lhe alterar o humor. Agora todos os momentos lhe pareciam maçantes e ponto. Estava neste grau de filosofia profunda observando o sol que se punha engolido pelo rio, quando sentiu a mão no seu ombro. Era um toque leve e delicado, sutil mesmo. Meio a contra gosto olhou para o lado. Fazendo conjunto com a mão havia uma jovem de mais ou menos trinta anos. Belo rosto, belo par de seios e belas pernas... Pensou ao olhar mais atentamente. Também não pôde deixar de notar o cabelo, pintado de azul nos fios laterais, e verde nos do topo da cabeça. Vestia uma saia de tecido leve o suficiente para produzir uma certa transparência e uma blusa tomara-que-caia que deixava seus ombros a mostra. O resultado final era sensual o suficiente para tirá-lo do torpor meditativo em que se encontrava.
- Belo cenário, falou a jovem com o olhar perdido no espetáculo do crepúsculo.
Ainda tentando organizar os pensamentos frente ao presente que aparentemente estava ganhando da vida, ele falou em tom casual, como se conhecesse a moça desde pequeno:
- Também acho. Por isto, venho seguido aqui, com exceção dos dias de chuva e dos dias que tenho algo mais importante para fazer, tipo trabalhar, organizar o apartamento ou ler mais um livro que, com raras exceções, terá pouco a me dizer. Ah, também estudo e cuido de um gato nas horas vagas. E você o que faz? Perguntou, sem se preocupar com o interesse que seu olhar demonstrava e que não tinha a mínima intenção de dissimular.
- Caço nuvens durante o dia e estrelas durante a noite. - Respondeu ela.
- São belas atividades. E as coisas chatas?
- Também estudo Artes Cênicas e trabalho com publicidade junto com outros amigos... Ah, as vezes escrevo coisas na Internet.
- Bom, falou ele, podemos pensar em casar... Isto é, se os seus pais, suas amigas e seu bicho de estimação não forem muito chatos.
- Não, todos eles são bem bonzinhos e bem comportados. Apesar de que a mais normal sou eu mesma... Disse dando uma risada e jogando a cabeça e os cabelos para trás.
- Toma uma cerveja?
- Não querido, sou uma Cinderela e como em algum lugar já é meia-noite, tenho que voltar correndo para casa, antes que comece a terrível transformação...
- Assim? Revela-te como a mulher da minha vida e somes?
- Não, baby, disse sorrindo, eu volto a importuna-te.
- Nenhum nome, telefone ou endereço?
- Calma, calma... Vai sorvendo tudo como um bom vinho: De vagar e em pequenos goles... Disse ela sem esconder um ar de divertimento.
Falando isto girou rápido nos calcanhares e saiu dali sumindo entre as pessoas e a paisagem.
- Putz! Gritou ele. De repente tudo lhe parecia mais vivo e mais colorido.



|

This page is powered by Blogger. Isn't yours?