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quinta-feira, maio 27, 2004

Entrou no avião. De repente a sua vida mudara. Há dois dias saíra do consultório com uma sentença. Durante toda a sua vida fizera o que achava que era seu dever fazer. Agora, depois de escutar aquelas três frases ditas pelo médico num misto de impaciência, comiseração calculada e frieza que só os médicos conseguem ter, ele já não sabia o que pensar. Não sentia autopiedade, longe disto, a sensação dominante neste momento em que um que um turbilhão lhe varria o íntimo, era de um certo alívio. Depois de tanto tempo começava a se dar o direito de largar tudo e procurar entender o que, afinal, queria. Às vezes ria de tudo, como se descobrisse uma piada no papel que desempenhara desde que nascera. Lances de sua existência surgiam mentalmente a todo instante, momentos da sua infância misturados com outros da sua juventude, adolescência e início da maturidade. Pensava na loucura de tudo, ou não seria loucura? Podia ser que tudo, enfim, obedecesse a algum padrão ainda não desvendado e por tanto incompreensível.
Como foi dito no início, entrou no avião, sentou ao lado da jovem e aflita mãe preocupada com a criança. Riu daquele quadro: O final ironicamente ao lado do princípio. Aos poucos a aeronave começava a se deslocar na pista para alçar vôo. Ele também tinha a sensação de decolar, decolar em busca de um sentido... (continua outra hora, quem sabe...)




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